Extracto do discurso de abertura da Exposição “NEUN im 9”, em Janeiro de 2008
Siegfried Räth, Artista
” […] Ela quer criar quadros que não necessitem de qualquer explicação. Mas ao mesmo tempo deixa-nos perante quadros, nos quais é evidente existir uma história, em que parecem ser necessárias solucções para o descobrimento e percepção da tal. Será que Querer e Fazer é uma contradição na obra de Anna Bieler?
Seja no confronto de duas figuras, seja na maneira como se encontram numa tela, há sempre um quanto de interpretação – nós estamos, gracas à própria experiência da vida,em condições de poder reconhecer, olhares, atitudes e gestos, resumindo, quaisquer sinais de comunicação duma pessoa com nós próprios ou com outros. Só que na maior parte das vezes não os interpretamos muito profundamente, muitas vezes não se consegue mais encontrar palavras certas para o que há pouco aconteceu. Porém uma pintura fica imóvel.
Aqui temos a possibilidade, de observar detalhadamente, o que afinal se passa. Porque para Anna Bieler o fundamental não está à superfície, a qual talvez seja precepitadamente menosprezada como “fabulosa”, porque a sua maneira de abstracção de formas, a maneira da sua composição de cores nos leva intencionalmente a esta armadilha. Até mesmo o saber, que nos quadros aparecem personagens dos mitos de várias culturas, não nos deve levar a ver Bieler como sendo uma mera narradora.
Trata-se de uma maior profundidade, assim que nós tenhamos decifrado e chegado àquele ponto, o qual para o alcançar na verdade nenhuma explicação mais foi necessária além do nosso dom de observação: aqui então começam as cores brilhantes a oprimir-me, rostos sorridentes satisfazem-me de súbito e constante com desconfiança, eu fico estupefacto perante a ambíguidade dos acontecimentos e dos seus sinais no quadro, que me colocam depois de uma longa observação soberana num suspense palpável. Eu sei, que é necessária uma grande energia interior, para como artista se criar um tal suspense. […] “